Tomé Nunes!
Não sei nada sobre a vida deste homem que deu nome ao vilarejo quilombola as margens do São Francisco. Só sei que foi um dia marcante para mim. A poeira que virou lama com a forte chuva, a receptividade das pessoas, o clima acolhedor, os causos. A história de luta e trabalho de um povo que conquistou uma dignidade rara.
Logo no dia da exibição fui visitar o lugar para fazer uma visita de reconhecimento.Fui recebido por crianças que aguardavam o início das aulas. O carro foi cercado por poeira e gritos curiosos. Eufóricas, as crianças pediam por uma bola e batiam no vidro dando gargalhadas e exibindo uma dentição alva em contraste com uma pele de cor negra particular.
A novidade chegara ali no meio de um povoado. Era tudo novo para nós também!
Enquanto os equipamentos eram montados as crianças corriam pelo grande pátio, curiosas com o que aconteceria em seguida.
Parei para observar o que acontecia ao redor e vi um clima de interação geral instalado ali embaixo do grande jatobá. Tudo era por causa do cinema!
foto: cris barakat |
Sim! Apareceu um sorriso em meu rosto e eu me esqueci completamente de quem eu era e onde estava. O sorriso virou gargalhadas, pois acabei ganhando um lugar no carrinho enquanto alguns garotos me substituíram no reboque do veículo.
foto: cris barakat |
Por um breve momento vi-me num transe de alegria sob um sol severo que pareceu se emocionar com a bela cena.
Costumo dizer que eu levo diversão para as pessoas, mas, já fui questionado por um exemplo prático! Agora eu digo que fazemos um intercâmbio, pois naquele dia aconteceu realmente uma troca. Sabendo o que aconteceria eles se adiantaram e me proporcionaram um momento de real diversão, inocente, puro e completo!
Obrigado Tomé Nunes! Obrigado Deuses!
foto: cris barakat |