domingo, 12 de dezembro de 2010

O meu amigo oculto é.....

Exatamente dois meses distante do meu blog, afogando-me em tarefas inacabadas, percebi que o ano já se aproxima do fim. As chuvas irritantes já são realidade, as pessoas ficam loucas para as compras do Natal e as confraternizações das empresas pipocam por todo os lados. E foi observando isso que resolvi comentar aqui.

E lá vêm as irritantes confraternizações das empresas, departamentos, etc. É um momento onde todos podem comemorar o ano quase morto, fazer planos para o próximo ano. E os amigos ocultos?
Foi em volta de uma mesa de um bar que vi a cena mais patética: Um bando de gente histérica revelando o amigo oculto! Eram umas 40 pessoas que se amontoavam e gritavam a cada revelação de uma pessoa.
E assim seguiram repetidas vezes, sempre começando com “O meu amigo oculto...”
Engraçado era ver a cara de frustração da pessoa ao receber um presente com o qual não tinha nenhuma afinidade.
Este é o perigo do amigo oculto! O fato de ser uma surpresa deixa-nos muitas vezes em situações embaraçosas, tanto ao receber, quanto ao presentear alguém.
Naquele dia percebi o quanto somos quadrados, até mesmo numa confraternização. Tira o papelzinho, descobre o nome da pessoa, compra um presente qualquer, reúne todo mundo, revela o amigo oculto, troca os presentes e volta pra casa depois.
E onde foram parar a criatividade, a confraternização o companheirismo? Todos se esquecem que é uma data para fazermos algo de bom e o individualismo sempre reina no momento final.
Eu tento manter-me distante de eventos patéticos do tipo, mas é sempre bom lembrar que quando participamos de um amigo secreto, vale dedicar um tempo para comprar o presente, conhecer a personalidade do seu “amigo” e fazer com que ele sinta-se satisfeito no evento. Isso agrega um grande valor ao presente! Seja lembrado pelo bom presente que deu e não pela frustração que causou.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O DIA EM QUE MEU MUNDO PAROU!

Hoje, no dia das crianças lembrei que um dia fui criança. E há pouco tempo me encontrei com a criança de outrora, a qual nem conhecia mais!

Tomé Nunes!
Não sei nada sobre a vida deste homem que deu nome ao vilarejo quilombola as margens do São Francisco. Só sei que foi um dia marcante para mim. A poeira que virou lama com a forte chuva, a receptividade das pessoas, o clima acolhedor, os causos. A história de luta e trabalho de um povo que conquistou uma dignidade rara.
Logo no dia da exibição fui visitar o lugar para fazer uma visita de reconhecimento.Fui recebido por crianças que aguardavam o início das aulas. O carro foi cercado por poeira e gritos curiosos. Eufóricas, as crianças pediam por uma bola e batiam no vidro dando gargalhadas e exibindo uma dentição alva em contraste com uma pele de cor negra particular.
A novidade chegara ali no meio de um povoado. Era tudo novo para nós também!
Enquanto os equipamentos eram montados as crianças corriam pelo grande pátio, curiosas com o que aconteceria em seguida.
Parei para observar o que acontecia ao redor e vi um clima de interação geral instalado ali embaixo do grande jatobá. Tudo era por causa do cinema!
foto: cris barakat
Vi no chão o carrinho que transportava a tela! A partir daí quem mandou em mim foi a criança que estava adormecida! Amarrei uma corda no carrinho e comecei a puxá-lo. Isso foi suficiente para atrair imediatamente umas dez crianças. “E foi aí que deu a doidja!” Uma gritaria tomou conta do lugar com as crianças se empurrando, tentando conseguir um lugar no carrinho que eu puxava já exausto. E foi uma loucura geral na equipe! Todos pararam o que estavam fazendo para observar a pausa no meu trabalho sério. Os fotógrafos correram  para pegar umas fotos novas.

foto: cris barakat
 Sim! Apareceu um sorriso em meu rosto e eu me esqueci completamente de quem eu era e onde estava. O sorriso virou gargalhadas, pois acabei ganhando um lugar no carrinho enquanto alguns garotos me substituíram no reboque do veículo.
Por um breve momento vi-me num transe de alegria sob um sol severo que pareceu se emocionar com a bela cena.
Costumo dizer que eu levo diversão para as pessoas, mas, já fui questionado por um exemplo prático! Agora eu digo que fazemos um intercâmbio, pois naquele dia aconteceu realmente uma troca. Sabendo o que aconteceria eles se adiantaram e me proporcionaram um momento de real diversão, inocente, puro e completo!

Obrigado Tomé Nunes! Obrigado Deuses!



foto: cris barakat

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O RETORNO

A volta para casa foi mais difícil do que Julián imaginava. O fim de mais uma pesquisa para o seu livro o deixara intrigado e magoado ao mesmo tempo. Ele olhava a estrada pela janela do ônibus enquanto todos os últimos acontecimentos passavam em flashes por suas lembranças. Seu coração sangrava numa dor pulsante que massacrava também os seus ossos fazendo com que o veículo parecesse bem menor do que era.

O caminho parecia infinito enquanto as canções tocavam em seu velho rádio de pilhas que mais emitia ruídos do que realmente músicas. Eram canções que falavam de saudades, viagens e solidão, mas que por outro lado traziam um acalento melancólico o qual Julián recebia apático.
A última jornada pelo sertão o deixara exausto e deprimido!
Penélope o acompanhava numa foto em sua carteira, embrulhada num bilhete pequeno com palavras de amor. Vez ou outra ele a olhava com um suspiro longo de saudade, desejando-a com todas as poças forças que restavam. Relia as poucas palavras para reafirmar a presença da amada.
Novamente fixou o sol que já se ia ao longe derramar seu dourado no rio e escrever em suas águas um bilhete para a lua vindoura. Viu a cabeleira de ouro se espalhar pela vegetação seca do sertão e fazer um risco discreto no vidro da janela. Sorriu para espantar a solidão, mas voltou-se às letras melancólicas das músicas do rádio.
O bilheteiro quebrou sua concentração para conferir a passagem, mas logo ele se voltou à sua ocupação com o nada.
Queria tanto a presença da sua amada e continuou desejando isso durante todo o percurso. Sentiu falta da sua alma. Ela havia ficado em algum lugar e voltaria mais lenta e viscosa dias depois.
Alguns momentos ainda ecoavam frescos como o divertido dia na comunidade africana; o caminhão preso na balsa na travessia do grande rio; a visita à casa de Corina e o encontro com o Jurupari!
Enfim, a viagem terminara, mas o trabalho só estava começando!
Chegou em casa e viu uma carta de Penélope. Sorriu com toda vontade possível até que o sorriso virasse gargalhadas que ecoaram pela casa vazia.

E Juliám prostrou em sua cama tentando familiarizar-se com o seu ambiente!











O que tocava no rádio:
Bob Segar - Against the wind
Simon and Garfunkel - Mrs Robinson
Sugarland - Baby girl

quarta-feira, 28 de julho de 2010

DIÁRIO DE BORDO! Pré produção cinema no Velho Chico

.                28/07/2010 - ANIMAL DE HOJE: VACA!


recepção simpática
A pré-produção do Cinema no Rio São Francisco já recomeçou e eu estou de reencontro com o Velho Chico e seus causos. Ele serpenteia num ritmo sem pressa contrário ao meu. Ele sempre companheiro de viagem, ora à esquerda, ora à direita, ora abaixo, ora distante, mas sempre ali perto me abençoando. Minha meta é percorrer 20 cidades em 10 dias, incluindo as aventuras entre uma cidade e outra. Numa cidade do interior eu estava na fila dos correios para postar uma encomenda para BH, percebendo toda movimentação dos atendentes para fazer as diversas transações bancárias, pois os correios agora viraram banco. Empresa estatal de logística em parceria com um banco privado. Enfim, continuei matutando as coisas enquanto um senhor tentava com dificuldades digitar a sua senha. Ele não enxergava muito bem e precisava chegar o olho bem perto do teclado. Observando o esforço do homem escutei um murmúrio de uma mulher atrás de mim, que lamentava a dificuldade do senhor e já emendava exemplos de solidariedade. A outra mulher logo atrás começou os seus comentários e soltou a primeira pérola do dia:
- Eu também sou bem cega! Se eu jogar uma pedra numa vaca é bem capaz que eu erro!
Continuei na fila sem poder nem olhar para a interlocutora, mas morrendo de rir por dentro. Só o fiz após ser atendido e aproveitar a saída da agencia para olhar a autora da frase cômica. E não consegui conter um sorriso meio de risada. Logo a porta dos correios tive a surpresa de ter que parar para esperar uma manada de vacas passar pela rua! E imaginar imediatamente a mulher de pedra em punho tentando acertar sem sucesso uma daquelas vacas.
Bem, o assunto havia encerrado ali logo após a passagem das vacas neh? Não! Engano meu. Na cidade seguinte enquanto eu fazia uma visita técnica ao local de exibição uma simpática vaca me aguardava curiosa voltar para o carro. Ela parou bem próximo à porta do motorista e ficou me olhando como se eu fosse o estranho do local, o invasor. E eu realmente era!
Tirei uma foto dela, entrei no carro e continuei minha viagem fazendo associações malucas entre as vacas do meu dia!!

29/07/2010 - SOMENTE VISITAS



Varzea da Palma, Buritizeiro, Pirapora e Barra do Guaicuí.
Somente visitas e reuniões. E tudo estava lá no mesmo lugar. A ponte velha, a velha igreja de pedra, o rio... Ah! o rio! Sempre ali rasgando as pedras de pirapora e tentando arrastar o vapor que descansava o beiço no barranco aguardando mais um fim de semana de agitados passeios e turistas saudosos.
Eu começo a entrar no clima da viagem. O cinema está realmente tomando forma novamente.
O sol banhou-se no rio e tingiu as águas com o seu vermelho anunciando que amanhã o dia será longo!

pôr-do-sol em Pirapora


 30/10/2010 - VIAGEM SOLITÁRIA E PRIMEIRA TRAVESSIA
O dia ontem terminou tarde e hoje começou cedo! Um café da manhã com mais frutas e menos porcarias foi a meta cumprida do dia! Minha vida de viajante solitário recomeçou nesta manhã muito iluminada, a qual eu não via há um bom tempo.
Juntei minhas coisas, fiz o sinal da cruz. O meu gol (batizado de Silver em uma alusão ao Cavaleiro Solitário, numa breve conversa que tive com Róbber) companheiro já me esperava na porta do hotel para mais um trecho de aventuras e reuniões monótonas. Não muito tempo depois que saí de Pirapora com destino a Ibiaí as rádios tornaram-se coisa rara pelo caminho e o meu MP3 começou a funcionar embalado por Strokes e uma mistureba de estilos. A estrada deserta aumentava minha solidão e eu sentia o vento com a mão esquerda fora da janela. Os vidros abertos abafavam o som e eu tentava descobrir qual musica tocava e ao mesmo tempo refazia pela milionésima vez o roteiro que seguiria.


estrada boa
estrada ruim
Reuniões e asfalto. E para variar um pouco, de Ponto Chique para Cachoeira do Manteiga tinha uma balsa. Mas, antes da balsa, 4 km de pó! Relembrei o trecho Manga/ Malhada do ano anterior. Não tive saudades e sim muito medo. A estrada deserta não era novidade para meus olhos, mas o caminho recém aberto para o embarque era novo. Segui até a margem do rio e nada de balsa. Ainda percebi que o ângulo da rampa seria um problema para o embarque do nosso caminhão e isso implicaria em pesquisar outras alternativas para a travessia. Emoção? Nada! E ainda tendo que ficar falando sozinho, fazendo planejamentos, suposições e definições. Resolvi verificar o porto antigo e logo na entrada o quadro de horários da balsa. Eu estava justamente no intervalo do almoço. Nada se movia sob o sol forte do meio dia do sertão. Acho que nem a água do rio. Finalmente meu reencontro com o Velho Chico, doente, fraco, magro... As feridas de areia formavam erupções em pontos antes submersos. E eu sempre maravilhado e desconfiado cheguei a beira d`água para matar a saudade de um velho companheiro. É exatamente a mesma sensação que tenho e não há como explicar. Só quem já passou por aqui entende o que tento descrever. Este rio é mágico! Ele nos atrai, é impossível nao vixar os olhos em suas águas e logo fisgar uma reflexão qualquer.


primeira travessia
Um barquinho vinha ao longe trazendo algumas pessoas para a minha margem. Decidi que o companheiro Silver não seria tão necessário naquele momento. Meu pé afundou na poeira e fez com que o velho all star ficasse fora de contexto naquele cenário árido. No entanto, não me incomodei com a quantidade de terra que ia dando cor pálida a tudo que não era molhado. Peguei o barco e fui logo puxando assunto pra saber sobre a travessia e porque tinha mudado o ponto de embarque. “A Seca!” Respondeu seco o senhor barqueiro. Eu observava o fundo visível do rio envergonhado por mostrar suas víceras e eu envergonhado por vê-las. Conversei com o barqueiro um pouco sobre a falta d`água e algumas possibilidades de travessia, mas o assunto foi cortado pela outra margem lambendo a ponta do barco.

Cachoeira do Manteiga
Eu deveria encontrar com Diva, sub-prefeita do local. Cheguei de surpresa e fui muito bem recebido, apesar de ser hora do almoço e depois de interrogar alguns sobre a residência da sub-prefeita. Acho que o vilarejo inteiro percebeu a minha presença. Um homem mais branco do que o normal, com roupas, sapatos e óculos diferentes, suando feito tampa de chaleira num lugar onde o tempo precia não correr e as pessoas vivem num estado de encantamento
Reunião finalizada lá estava eu novamente de colete salva-vidas e minha pasta de planilhas retornando a outra margem no mesmo barquinho que me trouxe.
Em pouco tempo o ar condicionado do meu carro já era companheiro fiel da minha solidão embalados por Elvis.
Pouco depois das 14 horas cheguei ao hotel para me preparar para mais uma visita que não aconteceria.
Agora é o fim de semana e eu aguardo mais uma aventura na segunda-feira.

02/08/2010 - DEPOIS DE UM DIA NORMAL

O dia amanheceu antes da hora hoje e eu pedi para ficar um pouco mais na cama. Sempre acontece isso! Sempre tenho a sensação de não ter dormido o suficiente. Enfim, dormido ou não, o despertador gritou no horário planejado. A mala já estava arrumada e o sorriso das copeiras do hotel no café da manhã anunciava uma segunda-feira agradável.
Melancia e uva do café da manhã. Passei direto pelos salgadinhos e molho de salsicha. Alimentação rápida, pois ainda tinha que alimentar o pobre, sujo e faminto Silver. Gasolina, óleo, água e ainda uma lavadinha do vidro traseiro. Prontos, seguimos viagem deixando a bela Pirapora cada vez menor em meu retrovisor.
Os caminhos já era bem familiares, inclusive o trecho complicado de terra entre Ponto Chique e São Romão. Eu me sentia muito a vontade inserido num ambiente que já parecia ser também meu. O MP3 tocava um rock que ritmava a poeira na retaguarda do valente companheiro motorizado, até que um buraco interrompeu a música. Os vilarejos apareciam ao nosso lado e as pessoas curiosas tentavam ler o adesivo no capô do carro. Era um trecho aparentemente interminável e monótono, assim como a Witney Houston que gritava com chiados no rádio do carro.
Um circo velho havia se instalado em uma pequena localidade bem no meio do caminho. Diminuí para observar se tinha algum leão fedorento ou outra fera mal tratada, como se eu fosse da sociedade protetora dos animais. Aparentemente nada de suspeito e anormal. Somente a mulher que engolia fogo treinava mais um número enquanto a mulher barbada costurava a fantasia da Monga que não ficou calma e se enroscou na fechadura da própria grade e arrancou um pedaço das vestimentas.
Passei pela vila imaginando uma fábula no Rio São Francisco onde o surubim, apaixonado por uma bela lavadeira, recebe de uma benzedeira a missão perigosa de ir até a represa de sobradinho buscar o lenço de seda perdido pela moça e levado pela correnteza. Caso conseguisse ele seria transformado em humano e teria o dom de ganhar o amor das pessoas. E poderia assim conquistar a jovem lavadeira.

Minha fábula foi interrompida por uma encruzilhada. A mesma na qual fiquei perdido na viagem anterior. Ali era o ponto mais largo da estrada. E justamente para termos espaço para duvidar. Eu não errei mais e segui até o fim do trecho, novamente no asfalto para a Balsa até São Romão. Agora sim o Silver vai comigo! Entramos os dois na balsa e aguardamos a partida. O rio parecia letárgico com suas águas verdes que escondiam a profundidade respeitada por todos.

Reunião realizada e uma tentativa de telefonar para o escritório e dar algum sinal de vida antecederam à rápida travessia de volta à estrada para São Francisco. E foi inevitável não ouvir “if you going to San Francisco. Be sure to wear some flowers in your hair...” algo bem fora de nexo mas foi o que me veio na cabeça, antes das risadas que dei sozinho ouvindo a tal musica. Viajar muito tempo sozinho dá nisso



E tome poeira! E venham São Francisco, Pedras de Maria da Cruz e Januária e o Silver, sempre de focinho colado no chão engolindo vorazmente os kilômetros que nos aguardavam pela frente.
E hoje foi um dia normal! Amanhã será?

03/08/2010 - FORA DE CONTATO, COMPLETAMENTE!

Acabei de lembrar da famosa frase de um seriado bem legal que passava na Tv Cultura, chamado "Mundo da Lua", estrelado por Antonio Fagundes, Gianfranceco Guarnieri, Lucinha Lins e outros. O personagem principal, o garoto Lucas Silva e Silva sempre dizia a um velho gravador antes de começar os seus sonhos:
- Alô! Alô!
- Planeta terra chamando, planeta terra chamando!
- Esta é mais uma aventura do Lucas Silva e Silva, falando do mundo da lua, onde tuuuudo pode acontecer!

Hoje foi bem semelhante a isto!
E mais um dia que eu achei que seria normal! Aproveitei o último trecho de estrada decente em Minas Gerais, indo de Januária para Itacarambi com uma paisagem de qualidade exibindo suas rochas vulcânicas e as árvores barrigudas do Vale do Peruaçu.

No rádio uma família estava em busca do filho desaparecido. Pensei que as pessoas só desapareciam na Capital. E o moço já era adulto. Agora tive medo! E se eu desaparecer também? Preciso manter contato sempre para que a nossa base possa me monitorar. Mas todo lugar tem internet, celular! Até o mais remoto lugarejo tem um telefone público.

Saindo de Itacarambi logo depois de levar um bolo na reunião coloquei o pé na estrada, pois o tempo é curto e o cronograma deve ser cumprido. Eu já desconfiava que o trecho seria difícil, mas não imaginei que a estrada estaria terrível! Velocidade máxima: 40 km/h. A poeira já nem era novidade, mas eu precisaria enxergar ao menos os buracos. Olhava para o chão e me encantava com a beleza do céu cheio de pequenas nuvens.
posso brincar de descobrir desenho em novens...

Finalmente cheguei em Manga!
Manga é fruta ou cidade? Sempre ouço a perguntinha idiota quando falo que vou passar por aqui.
Finalmente uma pousada legal! Mas não tem internet... nem tem sinal da oi! Tudo bem, resolvo tudo e vou a uma lan house depois.
A secretaria estava fechada. Mudaram? Bem provável, pois o local está com aparência de abandonado. Tentei ligar no escritório para pedir ajuda. Descobri que nenhum telefone público da cidade faz ligação pra outro DDD, muito menos a cobrar. E quase morri de rir quando vi uma instrução que dizia: “este telefone faz chamadas internacionais!”
Enfim, o telefone da pousada me permitiu dar um toque no celular do escritório! Encontrei a nova secretaria, realizei a reunião e parti mais uma vez para a balsa! Agora elas são rotineiras. Penso que vou ter mais milhagem em superfície fluvial do que realmente em asfalto. E nessa lambança daqui pra lá e de lá pra cá, embarca e desembarca, eu vou ouvindo as conversas alheias e o casos pela metade.
Matias Cardoso, sem H, fica do outro lado do rio. Reunião tranqüila e lá estou eu de volta a Manga. É hora de parar por hoje e assistir um pouco de TV, mas antes uma foto do sol se escondendo atrás de um coqueiro. Bateria da câmera esgotou! Voltei pro quarto e fui descansar um pouco. A TV ficava a 2 m de altura e não tinha controle remoto. Amarguei todo o “Casos de Família” sem ter disposição para mudar de canal. Ali fiquei me divertindo entre cochilos e o estranho tema “Minha filha não me deixa namorar” até resolver ir à lan house. Não tinha sinal de internet. Será que fiquei nervoso? Finalmente voltou, mas meu mouse não funcionava. Troquei de máquina e dessa vez o mouse funcionava, mas as letras do teclado eram escritas com esmalte de unha e as letras E, R, O, M e B não estavam tão reconhecíveis. Poderia ser um teclado em russo, neh? Quanta ignorância a minha! É lógico que eu pensei que isso só acontecia comigo. Uma pessoa sem comunicação com o mundo é capaz de enlouquecer. Ainda bem que eu nem sou viciado em internet! E se eu sumir também? Não tenho como dar notícias!
Aqui o frio é coisa rara. Um banho resolveria o mal humor. Não tem banheiro em meu quarto. Banheiro compartilhado com metade dos hóspedes! Serei o último.
E depois é só ir chorar na cama que é lugar quente, bem quente! Um forno!

04/08/2010 – DEUS E EU NO SERTÃO

O sol já havia acordado e estava insistente em minha janela. O despertador gritou desesperado anunciando mais um dia de viagem. Tudo pronto para mais um longo dia, mas eu nem sabia o quanto ele seria longo.
Após um longo dia sem contato com o resto do mundo peguei mais uma péssima estrada. Isto estava virando rotina. Asfalto era raridade por aqueles lados, no entanto, cascalho, buraco, poeira e terra eram os ingredientes perfeitos para a longa jornada. Eu estava esquecendo do calor!

Já na estrada e com a solidão no banco do passageiro vejo uma senhora estendendo o braço. Resolvi dar uma carona. Era uma professora atrasada indo para a escola, que falou todo o trajeto sobre o péssimo estado da estrada. Chegamos na escola, ela desce, sobe o Sr. Francisco. Assim como José Ribamar é comum no Maranhão, Francisco é nome corriqueiro ao longo do Velho Chico. O meu passageiro também falou sobre a estrada e as dificuldades para irem à próxima cidade. A falta de transporte em horário adequado, a demora do ônibus e o preço da passagem. Mas logo falou sobre o progresso, sobre São Paulo e suas coisas bonitas. Ele estava indo tentar uma “passagem de idoso”na Gontijo para visitar os filhos e o pai de 96 anos na capital paulista, a qual é maior referência para as pessoas daquela região. Belo Horizonte praticamente não existe para eles.
Deixei Seu Francisco em Montalvânia e segui meu caminho novamente solitário. Após percorrer uns 10 km numa estrada precária um pneu me decepciona. Furado! Rápida operação: tira as cosias do porta malas, joga tudo no banco traseiro, pega estepe e macaco, folga parafuso, troca roda... e bem no fim do processo aparece uma alma boa para me ajudar. Troca feita, tudo foi jogado ali mesmo de qualquer jeito para não perder tempo. Mais 5 km de percurso outro pneu furado! Eu não acreditava. Parei o carro, desci, respirei fundo e somente aguardei outra alma boa. Aquela estrada amaldiçoada estava cheia de almas boas. Um motoqueiro viu meu estado desolado e resolve dar ajuda. Eu, ele, a titan e o pneu nas minhas costas percorremos mais 15 km até a próxima borracharia. O cara esperou consertar o pneu e me levou de volta ao carro, além de ajudar a trocar. O mínimo que pude fazer foi encher o tanque da moto dele como agradecimento. E o nome do anjo salvador: Francisco
primeiro pneu furado da série de 3
Tudo resolvido, mais um trecho difícil para ser percorrido. Eu desejava um banho para tirar toda aquela poeira! Mero desejo. O mais importante era cumprir o cronograma.
As reuniões remarcadas para o período da tarde foram todas realizadas normalmente e tudo parecia retomar o curso normal das coisas. Depois de Angico e Barra da Parateca, finalmente asfalto! Que asfalto? Era um monte de buraco espalhado por um lugar onde um dia houve estrada.
O sol já finalizava o seu expediente e eu só tinha percorrido metade do caminho. O cansaço, a irritação, a solidão e o medo tiraram toda minha capacidade de perceber o belo pôr-do-sol que acontecia ao meu lado. Eu queria chegar logo em Bom Jesus da Lapa, ir para um bom hotel, tomar um banho quente e descansar meu ombro dolorido. O guerreiro Silver também já dava sinal de desgastes. Empoeirado e surrado pelos buracos ele engolia cada km com a voracidade da minha ânsia. A noite chegou enquanto a estrada parecia não ter fim, nem os imensos buracos que surgiam em todas as direções. Eu era o único transeunte naquele trecho! Tive muito medo. Pensei coisas horríveis. Ah! Minha imaginação fértil! Ela estava contra mim também. Não somente ela, mas os 500 mil romeiros que lotavam a Lapa.

era pra ser asfalto
Após percorrer 80 km em 2 horas e meia eu merecia um descanso justo, certo? ERRADO! Os fiéis lotaram os hotéis, as ruas, as praças, tudo! Eu percorri sem sucesso mais de 10 estabelecimentos e não encontrei nenhuma vaga.
Foi o limite da minha resistência!
Chorei! Reclamei, desabafei sozinho naquela cidade suja e com cheiro de lixo queimado.
Segui mais 90 km – pelo menos de estrada muito boa- para conseguir outro hotel. Meu nível de exigência já tinha chegado a zero, pois já cogitava a possibilidade de até dormir no carro. Encontrei uma pousada simples e dormi ali mesmo sem jantar. Não tive fome, visto que o cansaço consumiu todas as minhas forças.

05/08/2010 – O FIM DA PENITÊNCIA
De volta a Bom Jesus da Lapa, tentando encontrar um local seguro para deixar o valente Silver, recebo a bela notícia de que a exibição por lá seria cancelada. Mais satisfeito do que nunca, bati em retirada daquele inferno santo!
Belo Horizonte, aí vou eu! Mas antes uma parada em Montes Claros para descansar e no dia seguinte em Buritizeiro.

06/08/2010 – O PNEU, MEU DILEMA
Depois de uma ótima viagem, quase no fim da jornada, mas uma vez o pneu abandona a jornada. E dessa vez não teve conserto. Parei na borracharia só para a troca.
E finalmente, cheguei em casa depois de uma incrível viagem.
Talvez tenha sido a melhor e a pior viagem que já fiz. A solidão me ajudou a refletir muitas coisas, entender outras. O meu companheiro Silver trouxe-me de volta em segurança, após ouvir longas conversas solitárias, além de choros, cantos, risadas e inúmeras emissoras de rádio.
E o Velho Chico ali ao meu lado serpenteando pelo sertão, levando vida a um povo sofrido e alegre.
Eu não sou do São Francisco! Eu não nasci na região e não tinha nenhuma afinidade com este rio. Aos poucos ele foi me envolvendo com suas lendas e encantos e tornando-me assim um pouco dele. Se você nunca foi ao São Francisco, talvez não entenda a enorme influência, a qual tento descrever, mas, um dia o conhecendo, saberão o que digo.

Depois de tanto sofrimento, poeira, lama, buraco eu ainda faria tudo outra vez! Antes de voltar para casa olhei para ele e disse em voz alta: Até logo!

E isso é só o começo!

CINEMA NO RIO SÃO FRANCISCO

De 08 de setembro a 6 de outubro de 2010

Entre FELIXLÂNDIA- MG e BARRA DA PARATECA - BA


quarta-feira, 14 de julho de 2010

QUANTA BESTAGEM EM 60 KM!

Havíamos terminado mais um dia de filmagens em lugares muito agradáveis com café e bolo de fubá no final de uma entrevista.
De volta para o hotel vimos a cidade lá embaixo sob os últimos insistentes raios de sol enebriados por uma névoa. Não havíamos percorrido nem 60 km durante todo o dia e o Fenando comentou a beleza da bruma no pé da montanha. Daí surgiu o título do livro/filme " Brumas de Avalon" e seguiu-se o festival de baboseiras.
Eu não pude resistir em dizer que uma atriz muito famosa tinha trabalhado nesse filme: BRUMA LOMBARDI!
E ele tinha sido todo filmado numa cidade em Minas Gerais: BRUMADINHO!
E fim de papo furado!

terça-feira, 6 de julho de 2010

VIAGEM NUNCA FEITA?


- Naufrágios? Não, nunca tive nenhum. Mas tenho a impressão de que todas as minhas viagens naufraguei, estando a minha salvação escondida em inconsciências intervalantes.
- Sonhos vagos, luzes confusas, paisagens perplexas – eis o que me resta na alma de tanto que viajei.
Tenho a impressão de que conheci horas de todas as cores, amores de todos os sabores, ânsias de todos os tamanhos. Desmedi-me pela vida fora e nunca me bastei nem sonhei bastando-me.
- Preciso explicar-lhe que viajei realmente. Mas tudo me sabe a constar-me que viajei, mas não vivi. Levei de um lado para o outro, de norte para sul... de leste para oeste, o cansaço de ter tido um passado, o tédio de viver um presente, e o desassossego de ter que ter um futuro. Mas tanto me esforço que fico todo no presente, matando dentro de mim o passado e o futuro.
- Passei pelas margens dos rios cujo nome me encontrei ignorando. Às mesas dos cafés de cidades visitadas descobri-me a perceber que tudo me sabia a sonho, a vago. Cheguei a ter às vezes a dúvida se não continuava sentado à mesa da nossa casa antiga, imóvel e deslumbrado por sonhos! Não lhe posso afirmar que isso não aconteça, que eu não esteja lá agora ainda, que tudo isso, incluindo esta conversa consigo, não seja falso e suposto. O senhor quem é? Dá-se o facto ainda absurdo de não o poder explicar...

DO LIVRO DO DESASSOSSEGO – Fernando Pessoa

segunda-feira, 28 de junho de 2010

OUTRA VIAGEM!

E mais uma vez eu lá no fim do mundo, percorria lugares novos em busca de estórias novas. E elas realmente apareciam sem muito esforço.
Os vilarejos, as velhas casas, as pessoas simples e desconfiadas, as estradas sinuosas e o meu companheiro de viagem. Tudo se entrelaçava com as músicas do meu mp3 intercalando com o I phone em busca de melodias.
- O que você quer ouvir? Perguntava ele.
- Música! Eu sempre respondia.
E ele calado sempre trazia uma pérola da MPB!
A cada kilômetro percorrido surgia uma cumplicidade recíproca enquanto eu me via naquele jovem cheio de planos, sonhos, dilemas e felicidade.Um amigo surgia ali ao poucos, olhando horizonte e o sol morrer vermelho por detrás das montanhas. O brilho no olho alternava com a névoa de acordo com os assuntos e as novidades que surgiam. Nada era tão novidade para mim, mas era um outro mundo sendo desbravado por ele. Era como eu me sentia quando o cinema me pegou! Cantávamos alto e de vez em quando eu tinha o ímpeto irritante de ficar traduzindo porcamente algumas músicas.
Rumávamos para o norte e tínha a impressão de que meu senso de compreensão de coordenadas estava meio enferrujado. Não conseguia entender as instruções das pessoas, a ponto de não compreender o que seria um “segue direto”. No meio dos eucaliptos, o jovem motorista de um velho ônibus nos explicou três vezes que era somente seguir direto após as lombadas. E certamente nos chamou de burros quando fizemos uma expressão de dúvida e também o consideramos um burro que não sabe dar coordenadas. No entanto, nós éramos os perdidos, forasteiros ignorantes. Era tão fácil seguir direto! E descobrimos isso quando decidimos refazer o caminho e percebemos que era somente seguir direto e não virar à direita, como havíamos feito anteriormente.
E assim seguimos viagem acatando as orientações malucas entre poeira e asfalto, amigos e reencontros e uma noite inteira de viagem e desabafos:

- A prefeitura é ali oh! É só subir ... Subimos e encontramos a Câmara municipal!
- Você segue aqui direto e lá na frente você vira!
- Vai em direção ao Prata!
- Você não vira ali não! Segue reto e vira lá na outra!
- Vai seguindo essa estrada aí, depois da ponte, pra onde seu nariz apontar, você pode ir!
E quando eu precisar de um companheiro de viagem sei onde procurar! E quando precisar de um companheiro sei quem é!
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quinta-feira, 10 de junho de 2010

PENÉLOPE!

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Penélope sentia-se fraca, cansada e deixou que o grande livro escorregasse de suas mãos perdendo a página que lia. Deixou que ele repousasse parte sobre seu peito, parte sobre o pesado cobertor e o abraçou como se ali abraçasse um pedaço do seu amado. Correu letargicamente os olhos pelo espaço do seu pequeno quarto, pousando a vista sob a vidraça da janela que refletia uma lua tímida e embaçada pela névoa da noite, incomum naquela estação do ano. A luz fraca do único abajur que funcionava, jogava uma luz amarela sobre a foto preto e branco e o amuleto de sorte dado a ela por Julián antes de partir para Paris.
A prata envelhecida pela luz fez correr um calafrio pelo corpo de Penélope. Era como se envelhecesse o amor e as lembranças de tudo que vivera com o seu amado.
Penélope imersa no silêncio da madrugada só ouvia o barulho dos pingos que morriam na janela, tilintando como um conta gotas marcando o tempo de uma ausência. Pensou em tudo que deixou para trás, contra tudo e todos em busca do sonho de ver o mundo pra’lém dos limites nunca quebrados da velha Bharcelona. Ela lembrou de Julián, fechou os olhos e viu sua face. Pensou se não se deixara iludir pelo sonho errado. Se não perderia seu grande amor pra sempre. Sentiu seu coração sangrar de dor. Abraçou o grande livro e adormeceu para fugir dos pensamentos.
Sonhou com Julián esperando-a na velha estação de trem. Ele vestia um terno novo e tinha nas mãos três rosas embrulhadas num papel pardo. Os olhos de Julián brilharam úmidos ao verem Penélope descendo do vagão e correndo para um longo abraço o qual não aconteceu, pois o apito do trem fez com que a amada despertasse do sono. Ela sorriu consigo, apagou a luz e voltou a dormir para tentar sonhar novamente com Julián.

by Jo
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quarta-feira, 9 de junho de 2010

DENTE DE LEITE

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Eu estava numa lanchonete almoçando. Enquanto comia e imaginava milhares de coisas em minha pura distração fui atraído por dois irmãos que conversavam à mesa ao lado, enquanto a mãe comprava os lanches. As idades suponho que eram de 7 e 5 anos aproximadamente. O mais velho, em sua vasta experiência, dava dicas ao mais novo. Ele ensinava alguns métodos para arrancar dentes moles. O mais novo mostrou o dente que estava por cair e recebeu as seguintes instruções:

- Eu não vou cobrar nada de você!
- Por que?
- Porque você é meu irmão! Pra você é de graça!
- E você já cobrou de outra pessoa?
- Já! Da Eloísa, da minha sala.
- E quanto ela te pagou?
- Duas figurinhas do Yo-gi-ho
- O que eu tenho que fazer?
- É muito fácil! Você amarra uma corda no dente e amarra a outra ponta na porta. Daí você bate a porta, assim oh: “paaahhhh!” e o seu dente sai voando.

O irmão não agradou muito da idéia, então partiram para uma segunda alternativa:
Você amarra uma corda no seu dente e a outra ponta da corda você amarra numa cadeira. Aí você joga a cadeira pela janela e o seu dente sai correndo atrás dela.
Idéia também vetada. Seguiram para uma terceira alternativa e eu seguia junto com o meu fantástico mundo de Bob!

- Você amarra uma corda no dente e a outra ponta você amarra no carro da mamãe. Quando ela sair o carro vai levar o seu dente com ele.
- Ah não! E se o carro sair me arrastando pela rua? Isso é muito perigoso. Vou pedir a mamãe pra me levar num dentista.

Na verdade eu também achei uma alternativa perigosa, mas para alívio de todos, a mãe chegou com o lanche e acabou com todas as idéias malucas.
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sexta-feira, 4 de junho de 2010

MENINO MANDADO

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- Oh Lucas, vai comprar pão pra nós, meu fi!
- Oxe! E cadê o dinheiro?
- Tá ali na mesa!
- E ocê quer que eu vou como, Zeta?

- Mas meu fi, vai de bicicleta!
- Tá quebrada, mulher. E essa padaria é uma lonjura!
- Mas tu num tava aqui agora com vontade de comer pão?
- Até que tava, mas quando eu lembrei da lonjura da padaria, a vontade passou na horinha.
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quarta-feira, 2 de junho de 2010

BREVE DEFINIÇÃO!

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Quando viajo com o cinema a viagem parece mágica, alheia ao mundo e cria outro mundo:

E a vida passa com suas gentes, suas cores, seus cheiros e seus gestos! Em um leva e traz de estórias que viram realidade e realidades que viram estórias numa tela de cinema. A tela, espelho das vidas, reflete os olhos dos povos, tocando as almas transforma os sonhos e renova as esperanças! Janela aberta para o mundo que mostra o interior de um gigante e os trens que ali tem. E nos infinitos trilhos de terras quentes o sol se esguia vermelho forte e desperta um novo dia acompanhado de um novo sonho, de ser sempre Brasil.

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terça-feira, 1 de junho de 2010

SAMBA NÃO MUSICADO

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JOANNA
(Samba não musicado)

A moça do rio do salto do peixe
O velho Francisco te banha e te ama
O sol ardente te negra a pele
A lua crescente te inveja, te chama

Ela veste chita florida
E traz o mundo em seu olhar
Me estremece com o toque dos lábios
Que dizem ternuras sem nada falar

- Refrão -
Ela veste chita, se enfeita de fita e quebra a escadeira
Ela me fascina Joanna menina de toda maneira
Ela é mistura de fúria e brandura que faz requebrar
Ela é coisa mais linda que olho pode enxergar

Ela põe fita no cabelo
E traz a criança alma afora
Me rouba um sorriso menina faceira
Joanna doçura de hoje e outrora

De chita e de fita ela vive enfeitada
De amor e calor ela é presenteada
De flores e cores anda sempre pintada
Joanna bacana ela é chamada
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