sábado, 20 de agosto de 2011

O CONSTRUTOR!

O ser humano muitas vezes tem o hábito de estragar algumas coisas boas na vida dele! Pelo menos grande parte disso!
Talvez por imaturidade, talvez por falta de lucidez... ou até mesmo por excesso de zelo! Talvez por desespero, talvez por medo. O medo de que tudo se desmorone, faz realmente com que aconteça. E quando acontece vem a célebre pergunta: "O que fazer agora?"
E assim foi comigo: tive medo, tive zelo, tive loucura e então, desmoronou! E eu fiz, na verdade ainda faço a cada dia, a pergunta acima.
O sentimento que tenho é idêntico ao que tinha quando fazia algo errado e ficava com medo de apanhar da minha mãe. E às vezes eu sabia que ia relamente apanhar para aprender a não fazer mais aquilo, mesmo sem ter intenção nenhuma de fazê-lo, mas também, por tanto medo, por tanto pavor, não conseguir me explicar.
E a gente vai crescendo e cometendo outros erros e a vida passa a ser a mãe que pune e novamente recebemos a punição sem consegur explicar nada. Na tentativa de explicar esquecemo-nos dos escombros no chão.
E agora eu tento juntar o que sobrou, avaliar as fundações e o estrago causado a elas e saber se ainda suportam outra construção! Ainda mais delicado é saber onde pisar, se ao redor ou se por dentro... caminhar com cuidado. O bom construtor preocupa-se com as fundações. E na engenharia da minha vida ainda pretendo reforçar as bases. Ainda pretendo juntar o que sobrou e re-construir.
Julián ainda vai tentar salvar o que resta. O amor por Penélope continua forte, até o dia em que ela decidir não aceitar mais tal sentimento. Ele ainda acredita que exista algo nos escombros do velho Anjo de Brumas.
Jullián Carax e Penélope Aldaya! Esperança de um RE - AMOR!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PAPAI DO CÉU MANDOU DIZER!

Há mais de um ano Penélope havia desaparecido nas dunas. Julián não a procurara mais. Vivia de lembranças repentinas que o faziam ficar parado, melancólico, desligado por alguns momentos. Vários momentos durante o dia! Vez ou outra uma lágrima caía puxando mais algumas teimosas que desejavam os beijos delicados no olho de Julian.
Era o fim do dia na velha BHarcelona. As pessoas caminhavam apressadas para suas casas. Só Julian que não tinha pressa. Saiu da livraria mais cedo, caminhou vagarosamente pela calçada. Olhou o reflexo do sol ainda alto na poça d’água que beirava o meio fio. Seu pensamento era só Penélope naquele dia. Até tentou se distrair, com os jogadores de damas, mas ela era insistente.
Olhou para os laços de fita na vitrine, viu a garrafa de vinho preferido na mesa do restaurante, ouviu a música que ambos gostavam.
Quando percebeu já estava no parque da cidade. Observou os cisnes no lago e os casais que conversavam sob o agradável sol de um inverno não muito frio.
Uma doce voz cantava uma música cuja letra marcou Julian. Ele fechou os olhos para ver Penélope caminhou no gramado em sua direção. Ele não queria abrir os olhos mas foi forçado por um toque frio em seu braço. Era a mão de um velho mal vestido. O homem o encarava com certa brandura. Julian enfiou a mão no bolso e tirou uma moeda, mas antes que esticasse o braço o velho recusou a doação e disse:
- Não é dinheiro que você precisa doar! Não preciso de nada também. Acalme o seu coração e prepare-o para o momento em que você despejará no lugar certo todo amor que leva contigo. Ela está mais próxima do que imagina!
Julian apoiou o rosto nas palmas das mãos e caiu num choro intenso sem se preocupar com quem caminhava pelo parque. Uma garotinha aproximou-se com um lenço o qual embrulhava uma maçã, ofereceu o tecido a Julian e disse:
- Não chore, moço. Vai passar logo!
Sem olhar para a criança ele pegou o lenço, enxugou os olhos, agradeceu e continuou sua caminhada vagarosa para casa. Enquanto caminhava e bem perto de onde estava sentiu uma mão macia tocar a sua. Era a mesma menininha do lenço. Ela o olhou novamente, pediu para que ele se abaixasse, pos sinalizou que diria um segredo. Ele abaixou-se sorrindo pela metade e ofereceu o ouvido para a pequena que disse baixinho em voz rouca:

- Papai do céu mandou dizer que você vai ficar bem!