O caminho parecia infinito enquanto as canções tocavam em seu velho rádio de pilhas que mais emitia ruídos do que realmente músicas. Eram canções que falavam de saudades, viagens e solidão, mas que por outro lado traziam um acalento melancólico o qual Julián recebia apático.
A última jornada pelo sertão o deixara exausto e deprimido!
Penélope o acompanhava numa foto em sua carteira, embrulhada num bilhete pequeno com palavras de amor. Vez ou outra ele a olhava com um suspiro longo de saudade, desejando-a com todas as poças forças que restavam. Relia as poucas palavras para reafirmar a presença da amada.
Novamente fixou o sol que já se ia ao longe derramar seu dourado no rio e escrever em suas águas um bilhete para a lua vindoura. Viu a cabeleira de ouro se espalhar pela vegetação seca do sertão e fazer um risco discreto no vidro da janela. Sorriu para espantar a solidão, mas voltou-se às letras melancólicas das músicas do rádio.
O bilheteiro quebrou sua concentração para conferir a passagem, mas logo ele se voltou à sua ocupação com o nada.Queria tanto a presença da sua amada e continuou desejando isso durante todo o percurso. Sentiu falta da sua alma. Ela havia ficado em algum lugar e voltaria mais lenta e viscosa dias depois.
Alguns momentos ainda ecoavam frescos como o divertido dia na comunidade africana; o caminhão preso na balsa na travessia do grande rio; a visita à casa de Corina e o encontro com o Jurupari!Enfim, a viagem terminara, mas o trabalho só estava começando!
Chegou em casa e viu uma carta de Penélope. Sorriu com toda vontade possível até que o sorriso virasse gargalhadas que ecoaram pela casa vazia.
E Juliám prostrou em sua cama tentando familiarizar-se com o seu ambiente!
O que tocava no rádio:
Bob Segar - Against the wind
Simon and Garfunkel - Mrs Robinson
Sugarland - Baby girl
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