segunda-feira, 30 de novembro de 2009

OUVI DE UM SANFONEIRO!

Em uma das minhas viagens encontrei com um sanfoneiro desanimado e sem vontade de tocar.
Havia perdido sua esposa há dois anos, após 50 anos juntos. Tocava para matar um poucoda saudade e não conseguia segurar o pranto.
Parou de tocar por muito tempo.
Um belo dia resolveu tocar novamente e percebeu que as dobras da sanfona estavam úmidas. Percebeu que era umidade causada por suas lágrimas que caíam sempre que tocava.

História de sanfoneiro!
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sábado, 28 de novembro de 2009

E SE...

Julián já preparava-se para sair, pois o dia prometia muito trabalho de pesquisa para o novo livro. iria visitar a biblioteca depois de passar pelo cais e observar os barcos movimentando-se vagarosamente com o vento. Queria uma inspiração, mas a saudade da bela Penélope incomodava significativamente.
Ouviu alguém chamar à porta. Atendeu sem muita convicção de ser algo importante. Era um mensageiro que trazia uma missiva. Envolta num papel pardo e fechada com uma fita vermelha de bolas pretas.

A letra era de Penélope! Era uma mensagem linda de amor! Mais uma das milhares que recebera:

Amor,

E se eu te mandar uma foto?
a saudade acaba.
E se eu te mandar um bilhete?
a saudade aguça
E se eu te mandar um poema?
a saudade afaga.
E se eu te mandar uma carícia?
a saudade aflora.
E se eu te mandar um prazo?
a saudade adia.
E se eu te mandar um pedido?
a saudade apressa.
E se eu te mandar um carinho?
a saudade amaina.
E se eu te mandar um abraço?
a saudade aumenta.
E se eu te mandar um sorriso?
a saudade alastra.
E se eu te mandar nada?
a saudade afronta.
E não há nada que eu faça, que a saudade apaga!

Eu sinto saudades demais!

Penélope Aldaya

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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

LONGA NOITE!

A noite já havia avançado sua metade sob a sinfonia dos pequenos grilos acompanhada por um vento leve e afinado. Julián não conseguia dormir mas sentia-se confortável no silêncio do quarto, ouvindo a respiração de Penélope que repousava o braço sobre o seu peito.
Ficou meio sonolento. Em algum momento pensou ter ouvido um soluço. Teve a confirmação quando percebeu que Penélope chorava baixinho tentando esconder o pranto.
Julián virou-se assustado e perguntou o que havia acontecido.

- É o meu egoísmo que dói! Perdoe-me amor! Tenho medo que você não me ame mais!

Julian sentiu o coração congelar ao perceber que a traidora Paris engolia os dias em busca da sua Penélope!
Tentou falar algo enquanto acariciava o rosto da amada, no entanto, as palavras ficaram presas na garganta transformando-se em lágrimas.

- Tenho medo que você não volte mais!
Confessou Julián depois de muito esforço.

-Eu volto, amor! Eu volto!

- Esta Paris é sedutora, amor... é perigosa, cega-nos!

- Eu volto, amor! Eu juro que volto!

-Não prometa o que não pode cumprir! Não somos donos da nossa vida... Eu sou dono do meu amor por você, mas não posso ser seu dono. Deixar-te partir é a maneira mais fácil de ter você, porém a mais dolorosa. Mesmo sabendo que posso te perder, somente posso ficar esperando você voltar pra mim!


Aquela noite passou vagarosa, maior do que todas as outras. O medo invadiu o quarto em forma de um vento frio. Julián abraçou Penélope e sussurou "eu te amo" umas mil vezes, até adormecerem!




domingo, 8 de novembro de 2009

CORRE, GENTE!

Em uma cidadezinha às margens do Velho Chico o nosso fotógrafo encontrou alguns garotos jogando futebol num campo de terra e muita poeira. Chamou a atenção por portar um equipamento incomum para as pessoas de lá.

Resolveu bater uma foto dos jogadores, assim como fazem os atletas de todos os times. Seria a clássica foto com as legendas “de pé, da esquerda para a direita”. Mas ele decidiu aparecer na foto também.

Os meninos posicionaram-se, ele preparou a câmera no tripé, ligou o timer e correu na direção dos pequenos jogadores para fazer parte da foto.

Sua maior surpresa foi quando todos os garotos também saíram correndo assustados em direções opostas. O fotógrafo nada entendeu, parou de correr e perguntou para um dos meninos a meia distância:

- Por que vocês saíram correndo

- Ah moço! Se você conhece esse bicho e mesmo assim correu dele, imagina nós que nunca vimos uma coisa dessas. Eu é que não vou ficar aqui.

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