segunda-feira, 8 de agosto de 2011

PAPAI DO CÉU MANDOU DIZER!

Há mais de um ano Penélope havia desaparecido nas dunas. Julián não a procurara mais. Vivia de lembranças repentinas que o faziam ficar parado, melancólico, desligado por alguns momentos. Vários momentos durante o dia! Vez ou outra uma lágrima caía puxando mais algumas teimosas que desejavam os beijos delicados no olho de Julian.
Era o fim do dia na velha BHarcelona. As pessoas caminhavam apressadas para suas casas. Só Julian que não tinha pressa. Saiu da livraria mais cedo, caminhou vagarosamente pela calçada. Olhou o reflexo do sol ainda alto na poça d’água que beirava o meio fio. Seu pensamento era só Penélope naquele dia. Até tentou se distrair, com os jogadores de damas, mas ela era insistente.
Olhou para os laços de fita na vitrine, viu a garrafa de vinho preferido na mesa do restaurante, ouviu a música que ambos gostavam.
Quando percebeu já estava no parque da cidade. Observou os cisnes no lago e os casais que conversavam sob o agradável sol de um inverno não muito frio.
Uma doce voz cantava uma música cuja letra marcou Julian. Ele fechou os olhos para ver Penélope caminhou no gramado em sua direção. Ele não queria abrir os olhos mas foi forçado por um toque frio em seu braço. Era a mão de um velho mal vestido. O homem o encarava com certa brandura. Julian enfiou a mão no bolso e tirou uma moeda, mas antes que esticasse o braço o velho recusou a doação e disse:
- Não é dinheiro que você precisa doar! Não preciso de nada também. Acalme o seu coração e prepare-o para o momento em que você despejará no lugar certo todo amor que leva contigo. Ela está mais próxima do que imagina!
Julian apoiou o rosto nas palmas das mãos e caiu num choro intenso sem se preocupar com quem caminhava pelo parque. Uma garotinha aproximou-se com um lenço o qual embrulhava uma maçã, ofereceu o tecido a Julian e disse:
- Não chore, moço. Vai passar logo!
Sem olhar para a criança ele pegou o lenço, enxugou os olhos, agradeceu e continuou sua caminhada vagarosa para casa. Enquanto caminhava e bem perto de onde estava sentiu uma mão macia tocar a sua. Era a mesma menininha do lenço. Ela o olhou novamente, pediu para que ele se abaixasse, pos sinalizou que diria um segredo. Ele abaixou-se sorrindo pela metade e ofereceu o ouvido para a pequena que disse baixinho em voz rouca:

- Papai do céu mandou dizer que você vai ficar bem!



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