quinta-feira, 10 de junho de 2010

PENÉLOPE!

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Penélope sentia-se fraca, cansada e deixou que o grande livro escorregasse de suas mãos perdendo a página que lia. Deixou que ele repousasse parte sobre seu peito, parte sobre o pesado cobertor e o abraçou como se ali abraçasse um pedaço do seu amado. Correu letargicamente os olhos pelo espaço do seu pequeno quarto, pousando a vista sob a vidraça da janela que refletia uma lua tímida e embaçada pela névoa da noite, incomum naquela estação do ano. A luz fraca do único abajur que funcionava, jogava uma luz amarela sobre a foto preto e branco e o amuleto de sorte dado a ela por Julián antes de partir para Paris.
A prata envelhecida pela luz fez correr um calafrio pelo corpo de Penélope. Era como se envelhecesse o amor e as lembranças de tudo que vivera com o seu amado.
Penélope imersa no silêncio da madrugada só ouvia o barulho dos pingos que morriam na janela, tilintando como um conta gotas marcando o tempo de uma ausência. Pensou em tudo que deixou para trás, contra tudo e todos em busca do sonho de ver o mundo pra’lém dos limites nunca quebrados da velha Bharcelona. Ela lembrou de Julián, fechou os olhos e viu sua face. Pensou se não se deixara iludir pelo sonho errado. Se não perderia seu grande amor pra sempre. Sentiu seu coração sangrar de dor. Abraçou o grande livro e adormeceu para fugir dos pensamentos.
Sonhou com Julián esperando-a na velha estação de trem. Ele vestia um terno novo e tinha nas mãos três rosas embrulhadas num papel pardo. Os olhos de Julián brilharam úmidos ao verem Penélope descendo do vagão e correndo para um longo abraço o qual não aconteceu, pois o apito do trem fez com que a amada despertasse do sono. Ela sorriu consigo, apagou a luz e voltou a dormir para tentar sonhar novamente com Julián.

by Jo
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