segunda-feira, 21 de setembro de 2009

MANGA


- Manga é fruta ou cidade? É Minas ou Bahia?
E foi ouvindo este questionamento que tomei café em Januária.
Não muito distante da nossa chegada um pneu furado atrasa nossa viagem. Pequena pausa para a troca e o estepe jogado de qualquer jeito no bagageiro ilustrava nossa pressa e o sofrimento com o calor.
Finalmente Manga!
E uma borracharia?
- Logo ali, no fim da rua! Indicou o gerente do hotel.
Fui lá conferir.
- Dá uma olhada no pneu aqui oh!
- Oxe! Ta rasgado! Não tem jeito hoje. A gente não ta vulcanizando.
- Então vou comprar outro pneu novo. Quanto eh?
- 147 Reais!
- Com desconto?
- Com desconto de 10% sai a 140 Reais!

Eu, péssimo em matemática, ele com doutorado em esperteza. Fiz as contas de cabeça, fui saindo de fininho, voltei e decidi comprar de qualquer jeito.
- Vou querer um 185/ 60 – 14!
Olhei no pneu do carro. E Colei com autoridade de quem conhece de pneus.
-Ih! Não tem aqui não. Tem no caminhão, mas o motorista não entregou ainda.
-E onde ele está?
- Deve ta almoçando, pois o caminhão ta estacionado ali oh!
- Então volto aqui depois do almoço. Já deixo a roda do carro pra vocês irem adiantando as coisas.

Aquela conversa tinha realmente aguçado a minha fome.
No restaurante decidi coletar umas informações sobre o meu roteiro:
- Qual a melhor maneira para eu chegar em Carinhanha, na Bahia?
- Pelo rio!

Respondeu um senhor com toda autoridade.
- Não! Eu to de carro!
- Larga o carro aqui e desce pelo rio! Não tem estrada descente para um carro que não seja caminhonete 4X4.

Pouco tempo depois tive que concordar com o ele!
De volta à borracharia ainda fechada para almoço, a roda do carro tal qual havia deixado lá. O cara do caminhão não aparecera para a entrega ainda.
Mascate incompetente! Será que ele não percebe que tem gente dependendo dele para viajar e se lascar numa estrada com três palmos de terra, perder o pára choque traseiro e ficar atolado até a cintura?
Mais uma hora de espera até chegar o bendito caminhão com milhões de pneus... exceto o meu! O dono da loja, lá de dentro do baú do caminhão logo retrucou:
- Leva um 185/65- 14! A diferença é mínima.
- No preço?
- Não, no tamanho!


PAUSA PARA UM MOMENTO DE IMENSA IRA!

Quando eu respondi para o moço:
- Meu amigo, eu preciso do pneu com o tamanho correto. Não vou colocar um pneu errado só porque não tem o que eu quero.

Na verdade eu queria ter dito:
- FDP de uma figa! Se depois de uma hora de espera você pedisse pra alguém enfiar um cabo de vassoura de 60 cm em seu rabo e este alguém enfiasse 65 cm justificando que “a diferença é mínima”, o que você iria dizer?

Voltando à vida real comprei o pneu certo em outra loja com 5% de desconto, pelo mesmo preço da primeira loja.
A balsa me aguardava para a próxima aventura. Mas eu perdi mais umas 3 viagens observando os rapazes da borracharia trocarem o pneu com toda calma que exige um calor infernal.
Um deles começou uma discussão com o lavador de carros:
- Eh fulano! Quem é que tava lá no forró requebrando mais que Micael Jackson? Todo mundo viu!
E todos caíram em gargalhadas antes de receber a resposta:
- Eu queria mesmo ser Micael Jackson! Pra todo dia tomar banho de leite e acender um baseado em nota de cem dólares!
Mais gargalhadas!
Eu já começava a achar que o calor realmente afeta nossa capacidade de raciocínio, não acreditava no que escutara durante toda aquela tarde. A exaustão já me rondava companheira da minha sombra.
Enfim, tudo certo para a viagem e finalmente a balsa me deixou do outro lado do rio.
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