quarta-feira, 12 de maio de 2010

ENTREVISTA DO MÊS!

                                      O MOÇO DO CINEMA!



Aos 29 anos ele se tornou produtor executivo de dois grandes projetos culturais no Brasil. Sob sua responsabilidade uma equipe de aproximadamente 30 pessoas, desce o Rio São Francisco e segue uma ferrovia levando o cinema aos mais remotos lugarejos do país.

Com fama de mal humorado, estressado e exigente - sempre tirando a atenção do repórter passando as chaves de uma mão para a outra durante a entrevista - Rangel Moreira, Produtor Executivo da Cinear Produções, hoje com 34 anos, declara que ama o seu trabalho e defende o stress como incentivador do seu sucesso. Relaçõe Públicas, mineiro do nordeste do Estado, vindo de Rubim, no Vale do Jequitinhonha, traz consigo a competência característica dos interioranos e diz que não há sucesso sem disciplina nem tentativas, erros e acertos. Destaca a necessidade de sonhar sempre, para renovar os objetivos. E o cinema o ajuda a manter o foco no trabalho!


E viva a sétima arte!


BLOG – Como você começou a trabalhar com o cinema itinerante?
RM – Estava me preparando para fazer um curso de inglês no Canadá o qual não deu certo. Eu havia indicado uma amiga para este trabalho, mas um tempo depois tudo caminhou para que eu viesse trabalhar na Cinear e realizar a terceira edição do Cinema no Rio São Francisco. Foi paixão inicial. Descer o rio foi fantástico. E logo depois realizamos o Cinema nos Trilhos, onde seguimos a ferrovia exibindo cinema pelas comunidades as margens da linha do trem.

BLOG – E não tentou sair do país novamente?
RM Não! Não tive interesse e nem disposição. E Havia ganhado um curso de Brasil, exatamente o contrário do que eu planejava. Em cinco anos de jornada, já viajei muito e ainda estou conhecendo o nosso país.

BLOG – E você ganhou muito com isso?
RM – Claro! Sempre vejo de onde posso tirar vantagem das situações adversas. Com o cinema descobri um Brasil diferente. Um povo que precisa de sonhos. Todos nós precisamos de sonhos para viver. O cinema leva o sonho e democratiza o povo. Ali na praça, sob o céu aberto no momento do filme, todos somos iguais. São ricos, pobres, pretos e brancos sonhando com os enredos na tela grande. Conheci o sertanejo, o interiorano o metropolitano, o matuto, a criança, o jovem e o velho. Pude observar tudo aquilo que havia estudado na escola. E conheci um pouco mais. Acho que todo político deveria fazer uma viagem pelo Brasil, para entender o que é realmente ser cidadão. Eu me conheci um pouco mais nas minhas andanças. Pude perceber que nem sempre as coisas são como queremos. Tornei-me uma pessoa mais apta a aceitar os processos da vida. Aprendi a conviver com pessoas difíceis, realidades diferentes e bem mais duras do que a nossa. Vi pessoas que, apesar de levarem uma vida muito dura, declararam que são felizes! Percebi o valor das coisas simples. O brilho nos olhos das pessoas é impagável!

BLOG – Em suas jornadas o que mais te chama a atenção?
RM – A imensidão do nosso país e as diferenças culturais e geográficas. As mudanças são tão nítidas na medida em que passamos por diferentes lugares. A alimentação, os sotaques, os vocabulários, as músicas, o relevo, o clima, as pessoas, tudo muda! E isso tudo é um só país. É incrível!

BLOG – Como é a estrutura do cinema?
RM – Um projetor 35mm e outro digital, cadeiras, uma tela inflável que permite praticidade na montagem e nos permite ir em lugares remotos. Passamos filmes e distribuímos pipoca para as pessoas. Muitos pensam que fazemos caridade. É diferente. Não é um trabalho social para pessoas pobres. É um trabalho de socialização para pessoas carentes de cultura, diversão e sonhos. Somos uma milésima parte de um processo árduo. Ficamos poucas horas no local, mas deixamos marcas profundas nas pessoas. Nos deixamos esperança.

BLOG – Quais são as etapas de um projeto?
RM – A pré-produção é momento de coletar informações sobre os locais, pessoas e infra-estrutura para nossa equipe. É a etapa que vai dar direcionamento ao projeto. Em seguida é traçado o roteiro e definido o cronograma. Quando tudo estiver pronto a equipe cai na estrada para a realização efetiva do projeto. Um dia em cada cidade, o projeto lembra os antigos circos itinerantes do interior. A montagem do equipamento é um espetáculo à parte. A tela inflável atrai pessoas curiosas de todas as idades que ficam surpresas quando descobrem que aquilo é um telão. Finalizada a execução deve-se fazer o fechamento do projeto e as devidas prestações de conta. Aí preparamos para recomeçar.




BLOG – Você é visto como durão, estressado e mal humorado. É verdade ou é só um estilo de produtor?
RM – Não me considero durão! Sou rigoroso no cumprimento do planejamento. Venho de uma escola de equitação militar onde fiz hipismo e aprendi a ser rigoroso. Mas também sou flexível. Stress é importante para manter um certo nível de atenção, só é preocupante quando começa a influenciar negativamente em nossa vida. O meu jeito autoritário acaba incomodando algumas pessoas.

BLOG – Você se acha um líder nato?
RM – Não nasci com o espírito de liderança. Eu adquiri no decorrer das minhas experiências. Eu aprendi a ser líder. Nunca fui líder de classe, nem movimentador de opiniões, mas sempre fui carismático. E acho que o carisma é tão importante quanto a aptidão para liderar.

BLOG – O que é liderar para você?
RM – Antes de querer liderar temos que saber ser liderados. É ter a humildade de reconhecer o seu posicionamento e fazer com que as outras pessoas o vejam digno de sua posição. Liderar é uma conseqüência do bom relacionamento. A liderança é conquistada a cada dia. O líder está junto dos companheiros. Ele deve ser visto como referência e exemplo, não como a pessoa que manda e decide. Em nossos projetos o bem mais importante para mim são as pessoas. Os membros da equipe e os moradores das comunidades por onde passamos. O líder deve se misturar ao povo para entendê-lo. Assim ele pode nortear sua postura. Aprendi muita coisa lendo “A Arte da Guerra”, mas também aprendi observando os meus companheiros.




BLOG – Você está preparado para os imprevistos?
RM – O planejamento e a disciplina nos dão uma grande segurança para que tudo ocorra perfeitamente. Mas imprevistos sempre acontecem. E sempre estamos preparados para resolvê-los. O evento tem que acontecer de qualquer maneira, por isso sabemos como nos comportar de acordo com os imprevistos. A tela caiu no meio da sessão por falta de energia do gerador. Não estávamos preparados para a falta de energia, mas cada membro da equipe sabia o que fazer para resolver o problema. Uma pessoa foi para o gerador, outros correram para a tela, outro pegou o megafone e pediu para o público aguardar. A energia foi reestabelecida e o evento continuou. Não temos medo de errar e nem ficamos despistando nossas falhas.

BLOG – Você já cometeu algum erro de planejamento?
RM – Todos nós cometemos erros! Já calculei errado a distância de estrada de terra, assim como compramos passagens aéreas em duplicidade, dentre outros erros. O mais importante é a postura diante do erro. Não apontamos um único culpado e nem ficamos fazendo uma “caça às bruxas”. Gastamos energia resolvendo os problemas e atualizando a lista de conferência de ações. Minha auto-cobrança ainda é muito grande, mas estou aprendendo a lidar com ela.

BLOG – No lazer você vai ao cinema?
RM – Claro que vou! Não só no lazer, mas em dia de trabalho. Adoro cinema. Às vezes assisto duas sessões seguidas. E sempre vejo com o olhar crítico de que “será que esse filme dá pra passar na rua?” Nesse caso é impossível separar o lazer de trabalho.

BLOG – Qual o gênero que mais te agrada?
RM – Não tenho gênero definido! Assim como na música eu sempre experimento de tudo e nunca confio nos críticos de cinema. Gosto é único! Acredito que temos que assistir e tirar nossa própria conclusão.

BLOG – Você não tem TV em casa. Como se mantém informado?
RM – Quando criança eu ouvia muito os programas de rádio pela manhã. Certamente o rádio teve grande influência em minha vida. Mais do que a TV. Fui uma criança muito incentivada à leitura e preservo o meu lado infantil até hoje. Em casa tínhamos uma estante cheia de livros a nosso alcance, de Monteiro Lobato a Jorge Amado. Big Brother não é informação pra mim. Muito menos as tragédias diárias. Quando decidi não ter mais televisão tive medo de ficar burro e perder a argumentação em certas discussões. Agora fico feliz por não tê-la. Nós gastamos muito tempo observando a vida alheia e discutindo coisas sem sentido. Fui me acostumando com o uso da internet. Hoje leio e escrevo mais. E como moro sozinho, aproveito o tempo para colocar os afazeres domésticos em dia.

BLOG – Você teve vários cursos incompletos antes de se formar em Relações Públicas. Foi uma fase de indecisão?
RM - Realmente. Mas não me arrependo de nada. Assim pude experimentar na prática o que realmente pretendemos. Não temos tanta maturidade para definir em tão pouco tempo a profissão da nossa vida. Até chegar na Comunicação a única coisa que eu sabia é que não queria trabalhar atrás de uma mesa, preso numa sala de escritório.


BLOG – Você diz em seu Orkut que é piloto de caça e de maria fumaça. Como adquiriu tantas habilidades?
RM – Também digo que sou insuportável (Risos)! A aviação é uma paixão de criança. As máquinas de velocidade me fascinam. Voar livre é incrível, assim como movimentar-me preso a trilhos. O paradoxo é o interessante da vida.




BLOG – Você gosta muito de fotografia. Pretende investir nesta outra habilidade?
RM – A fotografia é somente um hobby! Não uso nenhuma técnica para fotografar. Simplesmente olho o momento e clico. Costumo receber dicas do nosso fotógrafo oficial. O meu intuito é me divertir. E às vezes eu consigo coisas legais.



BLOG – Você tem grande admiração por cavalos. Possui muitos?
RM – E vocês possuem grande habilidade para conseguir informações sobre a vida alheia (gargalhadas)!
Já fui mais envolvido com o meio eqüestre. Agora esta paixão está adormecida. Ela exige tempo dedicação e disposição financeira. Não tenho nenhum cavalo atualmente, mas algum dia voltarei a ter. São animais muito interessantes que exigem uma conquista do respeito mútuo. A equitação me ensinou sobre respeito, limites, sensibilidade, garra e derrota. O hipismo é um esporte severo. A chance de acertar é só uma. Não é como no futebol que te dá chance de recuperação. Aprendi a ter competitividade e saber perder.




BLOG - Você acredita em Deus?
RM - Sim! Acredito plenamente em Deus. Não fico procurando coerências na existência de Deus. Simplesmente acredito e não tenho paciência para radicalismos religiosos e ateus. Tenho meus conceitos e estou formando outros constantemente. Acreditar para mim já basta!

BLOG - Onde você regarrega as baterias?
RM - Nos braços da minha amada Joanna que sempre me deu o apoio e conforto necessário e no interior, na casa dos meus pais.

BLOG – Quem é Rangel Moreira?
RM – Sou determinado, teimoso e persistente. Tenho muita disposição para o trabalho. Sou sonhador e adoro falar bobagens quando estou de folga. Gosto de um bom vinho e uma boa massa. Sou amado por amigos e familiares. Não gosto de ver injustiças. Adoro viajar e observar a natureza.
.
.
.

3 comentários:

  1. Parabéns!!!!!!
    belo trabalho...deve ser no minimo gratificante...quando precisar de uma fotgrafa para registrar é só gritar hahahahaah


    bjus

    ResponderExcluir
  2. Nossa, adorei esta entrevista...
    Conheço um pouco de vc, e depois do que li fiquei ainda mais fã do seu blog...Adorei saber que na sua casa não tem tv!
    quero escrever sobre isso, e sobre vc!!!rs
    parabéns, amigo!

    ResponderExcluir
  3. Hunnnnnnnnnnnnnnn...ta famoso hein?
    bjos. te amo.

    ResponderExcluir