sexta-feira, 6 de março de 2009

A DESPEDIDA


Dois amigos se despediam na velha estação de trem. A certeza de nunca mais se encontrarem os apavoravam e causava um enorme desembaraço e silêncio.
Relembraram todos os momentos especiais de uma grande amizade: as brigas, as bebedeiras, as viagens, as mulheres, as comidas, as doenças, as inúmeras aventuras... cada uma especialmente vivida e sempre marcada pelo companheirismo.
O silêncio foi quebrado por uma fraca voz dizendo:
-E agora, quem vai ser o meu melhor amigo?
O outro logo respondeu:
-Eu! Ainda serei o seu melhor amigo. Você pode arrumar um segundo melhor amigo. E assim contar a ele todas as nossas aventuras. Mas eu serei sempre o seu melhor amigo!
O trem soou o apito dos cinco minutos e o melhor amigo achou por bem embarcar. Na despedida não existiu adeus falado. As mãos sobre os ombros mútuos selaram a grandiosa história. As lágrimas discretas em rostos trêmulos foram inevitáveis.
O amigo subiu no trem que logo começou a se movimentar vagarosamente. As mãos estendidas acenavam preguiçosamente e relutantes à situação. O amigo na plataforma acompanhou o trem e disse:
- Conserve seus sonhos! Nunca se sabe quando irão nos fazer falta! Escreva sempre e publique. Assim saberei que estás vivo.
Foi realmente a última vê que se viram, mas a promessa foi cumprida. Eles nunca abandonaram os sonhos e nunca deixaram de escrever...

Os sonhos nos mantêm vivos. Eles são o início da conquista dos objetivos.

julián carax

Nenhum comentário:

Postar um comentário