terça-feira, 16 de dezembro de 2008

E O MENINO PEGOU O TREM!

E o menino pegou o trem…
E o trem seguiu viagem entre as montanhas geraes, capixabas. Cruzou terras de minas, de índios, de ninguém...
A janela, tela aberta para o mundo, abriu os olhos do menino e os encheu de mais sonhos nos infinitos trilhos das terras secas e quentes. Terras do pôr-do-sol vermelho forte, como a força do povo que passa lá fora. Um povo que olha para a aberta, tela, janela para o mundo deles e mostra o interior de um gigante e os trens que ali têm.
E o menino largou o trem...
E o trem seguiu viagem levando em seus vagões os sonhos, os trabalhos, as comidas, os cheiros, as cores, a chuva, os medos, as incertezas e as esperanças. Novamente, incansável cortou as terras selvagens do planalto.
E atrás do trem veio o menino que se encantou com a janela, tela, inflando corações e projetando emoções.
E o trem valente curvou o recôncavo, desafiou o desconhecido, uniu cidades que o rio separou, separou elementos que a natureza uniu.
E o menino alcançou o trem...
E o trem esperou o menino que contou os vagões... os 31 vagões que correram pelos trilhos a 24 quadros por segundo e projetaram os sonhos em cada passageiro. E os olhos dos outros eram os olhos do menino hipnotizado, que criaram vidas ao longo dos trilhos; olhos que pipocaram reluzentes em nuvens de algodão doce; que se encantaram com desenhos em movimento; que se apaixonaram pelas almas capturadas; que viram as vozes gravadas das estórias de caboclos apaixonados.
E o menino assobiou...
E o trem apitou ao longe, rodopiou no samba de roda, no bumba boi, no congado e no tambor.E a janela, aberta, tela, brilhou ao longe anunciando mais um sonho sonhado, vivido, realizado. As letras subiram no clarão, as luzes se apagaram devagar e o menino fechou a janela, dobrou, enrolou, amarrou e guardou. Chegou à última estação, caminhou pelo tapete vermelho, foi para casa sonhar novamente. E sonhou!

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